Os invasores a arrastaram para dentro, sua presença enchendo o espaço com uma ameaça palpável. A sala que antes representava refúgio agora testemunhava um ato de selvageria que transcendia qualquer descrição.

     As sombras projetadas pelas velas tremulantes dançavam nas paredes, criando uma atmosfera de pesadelo. O barulho das botas militares batendo ao solo ecoava como uma batida infernal, a cada passo ressoando a marcha implacável do mal. Os uniformes austeros dos soldados nazistas destacavam-se em contraste com a paisagem cotidiana da casa modesta. A mobília humilde, outrora testemunha silenciosa de momentos de alegria e tranquilidade, agora parecia encolher diante da presença soturna que a invadira.

     O odor metálico da guerra impregnava o ar, a luz era consumida pela escuridão, ela podia sentir a presença maligna do mal na escuridão, uma mistura nauseante de suor, medo e o indescritível. Mary, indefesa diante da força brutal dos invasores, sentiu o peso insondável do destino se abater sobre ela. Seus olhos, uma vez cheios de vida e compaixão, agora refletiam o terror e a impotência que a consumia.

     Os soldados, monstros em forma de homens, avançaram com um sadismo calculado. Cada movimento, cada olhar, era uma exibição de crueldade que assombraria os pesadelos de Mary por anos a fio. Suas palavras, impregnadas com uma ideologia deturpada, ecoavam pelo ambiente como um cântico macabro. As mãos ásperas e calejadas, que deveriam ter sido instrumentos de proteção, tornaram-se garras destruidoras que rasgaram a fina linha entre a humanidade e o abismo.

     A brutalidade começou sem piedade, um espetáculo grotesco de violência que roubou a sanidade e a dignidade de Mary. Gritos agudos de agonia se misturavam ao som soturno da destruição, enquanto a sala se tornava um cenário de horror que nenhuma mente sensata poderia compreender. O sofrimento de Mary foi uma sinfonia mórbida, sua voz silenciada pela violência implacável que a dominava.